sábado, 10 de abril de 2010

O CANÁRIO DA TERRA

Foto: ARTHUR KRÜGER/2010
O canário da terra
Sicalis flaveola
Emerson Vaz Borges

De longe escuto um canto
Agudo, bonito e penetrante
Vem junto ao vento sibilante
Mostrando todo o seu encanto
Estalador e originário do Brasil
Esse pequeno pássaro amarelo
Encontra no chão seu farelo
De repente subiu...
Cortando o céu de anil
Valente como um guerreiro
Com seu bico pontiagudo
É o dono do seu terreiro
Vai embora daqui pássaro mudo
Além de valentia mostra fidelidade
Sai pra lá vizinho covarde
Minha fêmea é por toda eternidade
Quando novo eu sou pardo
Formoso a vida inteira
Amanhece o dia eu não tardo
Vou cantar no pé de aroeira
Sei voar levemente e bem alto
Também sei dar rasante
Gosto de planície e de planalto
Sou um pássaro triunfante.

4 comentários:

  1. Quando eu morava na fazenda! Podia ouvir o canto da noite! O silêncio vinha mais silencioso! O mundo não era tão tenebroso! A cutia andava, a onça farejava! A lua clareava meu coração/cerradão...: Fragmento do meu poema "o canto da noite"

    ResponderExcluir
  2. Mistérios que não desvendei...:

    Tenho cheiro de folha verde
    E encanto de mata seca
    Pareço com uma formiga
    Destruindo uma cerca
    Sou igual ao vento forte
    Soprando para o norte
    Que diferença faz
    Se vento não tem sorte
    Ajo de dentro para fora
    Com força silenciosa
    Se não terminei ontem
    Posso terminar agora
    Tão pouco eu falei
    Mas ainda não me calei
    Minha última palavra
    Há mistérios que ainda
    Não desvendei.

    ResponderExcluir
  3. Pássaro sofrê (Icterus Jamacaí)

    Eu tava navegando o Rio Piratinga
    Escutei um canto triste e dolorido
    Era o pássaro sofrê numa restinga
    De repente vi aquele raro colorido

    E indaguei ao amigo ali do lado
    Que pássaro gorjeante será aquele
    Por que não consegue ficar calado
    Na galha do ipê fitei os olhos nele

    No dia seguinte comecei a navegar
    Queria saber daquele canto por que
    Desci o Rio vontade de escutar
    Aquele canto que era do sofrê

    Nunca vi cantar assim tão pungente
    Tão logo quando o sol desperta o dia
    Por que provocar na alma da gente
    Um misto de alegria, tristeza e agonia?

    O pássaro sofrê parece sofrer demais
    O uirapuru tinha que ser seu parceiro
    Eu nem sei qual dos dois canta mais
    Por que será só se deparam no viveiro?

    Eu queria aprender a gorjear, chilrear
    Mas pena que não sou o pássaro sofrê
    Desde pequenino aprendi sonhar
    Não obstante os presságios do bem querer.

    ResponderExcluir