segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Avatar (Palavra de origem sânscrita)

Desci do céu para a Terra
Em busca de sonhos imortais
Trouxe comigo meus desejos siderais
Quantos segredos e quantas naves espaciais
Beijarei essa Terra num gesto sagrado
Num dia de chuva ou num dia ensolarado
Revelarei meus segredos ao vento
Os versos visionários que eu invento
Descreverei minha descendência divina
Todas as minhas transmutações em rima
As galáxias pelas quais eu passei
Os mundos ignotos por onde andei
Todas as luas, todos os sóis e arrebóis
Transcritos em cantos de mil rouxinóis
Saberás da verdadeira face de um avatar
E toda vez que um ser se transmutá
Lembrarás de mim em qualquer lugar
Não obstante, a infinita imensidão
Encontrarás no fundo do seu coração
A resposta pra tudo aquilo que perguntou
Pois o universo foi um avatar que arquitetou.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Astro-filosofia (Dedicado aos astronautas)

O que eu sinto não é tristeza
Nem alegria... É astronomia
Eu pressinto os astros
Os planetas em torno do sol
Os arrebóis em plena aurora
O ponto equidistante entre a Terra e a Lua
O sonho dos astronautas corifeus
Estudando os átomos em profusão
Originando a criação...
Pura cosmogonia, filosofia
A eloquência sob a luz da cosmovidência
A quinta essência da sabedoria espacial.
Astro-filosofia genuína
Minha mente geometria
Meu coração astrogenia
Imaginação sem devaneio, sem heresia.

Desfiz o universo (À Robert Oppenheimer, físico nuclear americano)

Desintegrei a matéria
Explodi o átomo
Espatifei a vida
Estilhacei o sonho
Mudei a trajetória dos planetas
E provoquei uma colisão sideral
Destruí o sistema solar
Incendiei a galáxia...
No final, fui preso e submetido
Ao Tribunal de Júri da Santíssima Trindade
E condenado a viver perpetuamente dentro do NADA.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Tamanduá-Bandeira (Mirmecophaga tridactyla)

Que maravilha de mamífero do cerrado
Seu focinho fino e alongado
Suas garras poderosas e afiadas
Sua pelagem cinza acastanhada
Vamos respeitar seu habitat
Seu caçador não me mate
Se eu te faço mal me digas
Apenas me alimento de formigas
E de alguns pequenos insetos
Quero ser visto pelos seus netos
Pois sou um animal inofensivo
Sem floresta eu não sobrevivo
Minha cauda parece a de um cometa
Minha língua uma baioneta
Morro de medo da extinção
Homem cruel e sem coração
Porque não destrói sua carabina
O cerrado é tudo que me fascina.

Mirmeco: formiga - phaga: Alimento-me de
Tridactyla: três garras nas patas anteriores.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O Bem-Te-Vi (Pitangus sulfuratus)

Meu magnífico Bem-Te-Vi
Vocalista da alvorada
Trás no ventre o amarelo mais bonito
Solta seu canto na direção do infinito
Pássaro dos índios tupi guarani
Na galha da pitangueira eu vi
O Bem-Te-Vi devorando uma libélula
Mais rápido do que ela
Antes do nascente escutei
Seu canto estridente
Abri minha janela e percebi
Que a vida é radiantemente bela
Meu esplêndido Bem-Te-Ve
Se algum dia eu parti daqui
Vou lembrar que eu te vi
Lá na galha da pintangueira
Devorando uma lavadeira
Sem perceber que eu estava ali
Vocalizou seu canto tupi guarani...: Bem-Te-VI!! Bem-Te-Vi!!

Pitangus...: pitanga grande (tupi guarani)
Sulphuratus...: amarelo de enxofre (latim)

sábado, 10 de abril de 2010

A NATUREZA NAS ASAS DE UM BEIJA FLOR

A natureza nas asas de um beija flor

Folha de palmeira, folha de corredeira
Palma da minha mão, pé de limão
Não nasci no sertão, não sou lampião

Nem carrasco nem solidão
Uma folha na palma da minha mão
Um beija flor pedindo aconchego
Sentindo a sensação do medo
A falta da flor de um arvoredo

A fortaleza de um rochedo
A voz do vento fazendo curvas
O murmúrio das águas turvas
Suas asas sobrevoando penhascos
Medindo a dimensão dos astros
Seus olhos tão pequenos
Suas penas tão leves
Nada parecido com o que descreves
Ò sublime beija flor, não sou seu criador
Mas eu te proíbo de sentir qualquer tipo
de dor.

O CANÁRIO DA TERRA

Foto: ARTHUR KRÜGER/2010
O canário da terra
Sicalis flaveola
Emerson Vaz Borges

De longe escuto um canto
Agudo, bonito e penetrante
Vem junto ao vento sibilante
Mostrando todo o seu encanto
Estalador e originário do Brasil
Esse pequeno pássaro amarelo
Encontra no chão seu farelo
De repente subiu...
Cortando o céu de anil
Valente como um guerreiro
Com seu bico pontiagudo
É o dono do seu terreiro
Vai embora daqui pássaro mudo
Além de valentia mostra fidelidade
Sai pra lá vizinho covarde
Minha fêmea é por toda eternidade
Quando novo eu sou pardo
Formoso a vida inteira
Amanhece o dia eu não tardo
Vou cantar no pé de aroeira
Sei voar levemente e bem alto
Também sei dar rasante
Gosto de planície e de planalto
Sou um pássaro triunfante.